sábado, 2 de julho de 2011

Meu amor pelo teatro


Meu primeiro contato foi na escola quando tive que apresentar uma peça, depois o meu primeiro emprego que fiquei por 7 anos, foi na administração de um teatro. O que aprendi com o teatro? Respeitar o próximo porque para o teatro acontecer você tem que depender das pessoas. Para um monólogo acontecer, em um cenário que tem apenas um ator e uma cadeira no palco, sabe quantas pessoas estão por trás disso?
1) o dramaturgo: alguém que teve que escrever a peça
2) o diretor: alguém para guiar o trabalho do ator no palco
3) o cenógrafo: que teve que pensar em como seria a única cadeira no palco
4) o figurinista: que pensa em como será a roupa deste ator
5) costureira: a pessoa que vai costurar a roupa pensada pelo figurinista
6) o maquilador: que vai envelhecer, embelezar ou modificar o rosto do ator ou vai criar cicatrizes, deformações, etc.
7) o divulgador: é necessário um assessor de imprensa que vai divulgar a peça nos meios de comunicação.
8) o design gráfico: vai cuidar de folders, cartazes, páginas na internet, etc.
9) o produtor: vai contratar todas as pessoas acima e vai atrás de todas as coisas que precisam comprar para acontecer o espetáculo.
9) o iluminador: que vai cuidar de todas as luzes que vão aparecer no palco
10) o cara do som: que é responsável por música e efeitos sonoros.
11) o bilheteiro: que vai cobrar as entradas e lidar com o público
12) o público: as pessoas mais importantes, por causa deles é que o espetáculo acontece.
13) o ator: ele que está apresentando tudo o que os outros trabalharam.
14) limpeza: sim, aquele que limpa todo o palco, cenário e camarim.
15) Administração: Cuida de toda parte burocrática, além de atender reclamações, sugestões e críticas do público e da crítica.
16) Patrocinador: Alguém tem que repassar a verba para que todas as pessoas envolvidas recebam pelo seu trabalho
Para um simples espetáculo, é necessária a cooperação de todos, tem prazos, timelines, todos precisam fazer a sua parte, todos são importantes, embora sejam pessoas invisíveis para o público.
Além da cooperação, eu aprendi a amar qualquer manifestação artística, a ter pensamento crítico, a conhecer muitos grupos de teatro do Brasil e do mundo, a ler e assistir belíssimas obras, participar de eventos históricos para arte, aprendi a entender a fraqueza, o descontentamento e qualquer outro tipo de sentimento do ser humano. Conheci teatros, aprendi a andar na cidade atrás das coisas para as produções, lugares para hospedar atores, além das amizades que fiz para vida inteira, também aprendi a fazer drama rsrs. É um lugar que você tem que ter maturidade para lidar com egos inflados, muitos querem ser estrelinhas, dificultam seu trabalho, mas eles são minoria, nada que um bom jogo de cintura não resolva.
Eu fiz curso de dramaturgia com o Chico de Assis, não porque queria escrever para teatro, mas porque eu adorava ouvi-lo falar, ele tinha tantas ideias, tantas histórias da época da ditadura, tanta sabedoria saindo de uma única boca. Também fiz um curso de Figurino para teatro com o Fausto Viana, ele me incentivou a amar musicais, explicava que a cor escolhida para a roupa do ator, misturada com a iluminação do palco, poderia virar outra cor, como criar roupas para antagonistas e protagonistas.
Eu saí do teatro, mas ele nunca sai de mim, quando vi que para o Desafio Literário do mês de junho era para ler peças, empolguei-me, senti quera hora de divulgar esta arte, era hora de mostrar a cara de quem escreve o que a ator representa. O teatro no Brasil é muito complicado, é difícil a formação de público, tem espetáculos gratuitos e o povo não vai, a burguesia ainda frequenta os teatros caros com atores globais, mas atores que nunca apareceram na TV e nem por isso são maus atores, nunca terão sucesso merecido na carreira, mas o teatro me permitiu a entender o público, os mais pobres não vão gastar dinheiro com cultura, classe média não tem tempo para lazer, são workaholics, aí sobram aqueles, sempre os mesmos que a gente encontra nas filas do teatro, são os sonhadores, os que acreditam que a arte pode mudar o mundo, aproximar pessoas e ajudar a refletir, a pensar.
Esses dias na USP eu olhava para FFLCH e ECA, faculdades de humanas, filosofia, sociologia, história, letras, artes no geral e vi que elas são as que tem menos apoio financeiro e da sociedade, não há apoio para quem quer ir para área do ensino, para área das luzes, do pensamento, da arte, já as faculdades que colocam alunos no mercado de trabalho, essas sim são valorizadas, em um país capitalista, movido pelo consumo, dinheiro, quem prega o conhecimento filosófico/artístico/ histórico vai viver a margem da sociedade.
Sou tão sonhadora que sonho em voltar para o backstage de algum teatro, foi o único trabalho que me sentia realizada, era divertido. Meu grupos preferidos são: Grupo Galpão, Teatro da Vertigem, Cia do Latão e Parlapatões. Também adoro alguns atores/atrizes que sei que só farão personagens marcantes, mas quando comento sobre eles com alguém, ninguém conhece, ô frustração! rs
Segue a retrospectiva teatro deste blog: Quando as máquinas páram - Plinio Marcos, O pagador de promessas - Dias Gomes, Baden-Baden sobre o acordo, O voo sobre o oceano, A ópera dos três vintens - Brecht, Valsa nº 6 e Vestido de Noiva - Nelson Rodrigues, Missa Leiga - Chico de Assis, Esperando Godot - Samuel Beckett, Casa de Bonecas - Ibsen, Trilogia Tebana - Sófocles e não acaba por aqui. Enquanto eu tiver esse blog, dedicarei um tempo para falar do teatro, afinal ainda não falei de Shakespeare, talvez eu faça um mês especial para ele.

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