domingo, 22 de maio de 2016

Diarios de Alejandra Pizarnik - Parte 1 - até a pag. 100

Como disse no post anterior, participei do readathon e um dos livros escolhidos foi "Diarios", de Alejandra Pizarnik, com mais de 700 pags, mas vou comentar até a pagina 100 por enquanto. Ja li a Poesia Completa também.
Nao sou o tipo que lê biografias, nem diarios, mesmo tendo lido algumas nos ultimos anos e nao me arrependi, pode ser que mude de ideia, porquoi pas? Do artista so quero a arte, nao me interessa saber da vida pessoal de ninguém, por isso nem facebook, snapchat e whatsapp eu tenho.
Estes diarios foram escritos entre 1954 a 1972, ou seja, entre os seus 18 e 36 anos.
♪ Alejandra, Alejandra
Ale, Alejandra
Ale, Alejandra... ♫
(Musica Alejandro, da Lady Gaga no feminino)

Ela tem dois olhares, um que olha pro nada, pro vazio e outro que encara e intimida. Costumo desviar o olhar de quem me intimida com os olhos, fico desconsertada, timida, deixo as coisas cairem, esbarro nos moveis. É o mesmo olhar estatalado da Pagu, da Patricia Highsmith, da Katherine Mansfield, da Clarice Lispector, da Carson McCullers, da Annemarie Schwarzenbach, da Sylvia Plath, nao sei se é um olhar "te-analiso-para-escrever-sobre-você-depois" ou é "estou-desesperada-por-favor-me-ajuda".

Aos 18 anos ela ja tinha lido livros interessantes que eu ainda nao li com o dobro da idade. Também ja estava em tratamento psiquiatrico, estudava francês na Aliança Francesa, cursava jornalismo, tentava ser escritora, fumava, bebia e amava como se nao houvesse amanha.

Embora nao me apeteça ler diarios, abro uma exceçao para as meninas judias. Qual é o segredo delas? Com pouca idade escrevem como gente grande. Alem da Alejandra, vide Anne Frank. Meus diarios nesta faixa etaria de 12-18 anos eram tao imbecis que dei fim em tudo antes dos 20 anos. Se brincar, o diario de Alejandra aos 6 anos de idade era mais interessante que os meus na faixa etaria citada acima.

Ja me sinto intima dela, comecei a chama-la de Lelê (sim, converso com o/a autor(a) enquanto leio). Afinal estou dormindo e acordando com ela, ou melhor, com seus diarios. Lelê é tao melancolica, solitaria, antissocial e perdida! Foi uma sofrência infinita esta vida dela. Suicidou-se aos 36, apos ficar internada por 5 meses em um hospital psiquiatrico.

Ela começou a ler À la recherche du temps perdu, de Proust. Gostou mais do primeiro volume do que do segundo e ja começou o terceiro.

Cita César Vallejo, Rimbaud, Baudelaire, Saphos, Cyril Connolly, Alfonsina Storni, Federico Garcia Lorca, Katherine Mansfield, Giacomo Leopardi, Martin Heidegger, Rilke, Clara Silva, Descartes. Também fala de Sartre e Beauvoir.

Acha que Bonjour tristesse, da Françoise Sagan é o tipo de livro para se ler na sala de espera do consultorio. Concordo! Essa historia de filhinha de papai solteiro rico passando férias na Côte d’Azur é meio chata, mas temos que considerar que mesmo assim foi um escândalo na época, pois uma jovem nos anos 50, com 17 anos, falando que nao quer casar, so quer fazer sexo, intrometendo-se nos relacionamentos do pai, parecia que tinha complexo de Elektra, foi meio babado, nao é?

Gosta de assistir espetaculos de dança (ballet), gosta de musica (sempre fala da Edith Piaf) e de cinema (Greta Garbo e Chaplin).

Usa sempre as duas expressoes: ¡Al diablo! e Merde!

Eita, Lelê! Encarando a ruiva no banheiro do restaurante e depois trocando olhares com ela na mesa, mesmo vocês duas estando acompanhadas por seus respectivos cavalheiros... Esse tipo de flerte é o mais peligroso de todos. Ainda mais você com esse olhar maligno intimidador.

Gosta de 3 pessoas ao mesmo tempo: Él, L. e D. Él esta viajando ha tempos, parece que nao tem previsao de retorno, L. parece que gosta dela, mas a reciproca nao é verdadeira, sao apenas friends with benefits. D. é uma mulher, um amor nao correspondido que parece ignora-la o tempo inteiro. No fundo ela quer amar sem se envolver, nao quer casar, muito menos ter filhos, quer escrever apenas.
Entonces no sólo erré la elección sino que no me realizaré por el camino más natural y sencillo de toda mujer: ¡los hijos! ¡Entonces sería más que frustrada! ¡Sería un ser arrojado para estorbar los pasos productivos de los demás! ¡Ocuparía un espacio inmerecido! Mi vida habría sido en vano. ¡Toda la voluptuosidad que exhalo y desato en mis sucesivos compañeros y luego enaltezco en los escritos habrá sido sólo farsa!

Fragmentos

Depressao
Ahora no tengo fuerzas ni ganas de leer, fumar o escuchar música. Y eso me desespera. Es como si hubiese perdido la facultad de gozar. Nada me conmueve. Mis párpados se cierran. ¡Dormir!
Hay cicatrices que se rebelan para volver a su condición primera: heridas.
Hay lugares que excitan terriblemente la angustia. Lugares y seres. 

Questiona a sociedade moralista e Deus:
¡De la moral! Moral que ellos establecen a su criterio y sin derecho. Y nosotros somos los expulsados, los rechazados, ¡los sifilíticos espirituales! Como si de nuestro rostro resbalaran materias putrefactas. Como si no nos mereciéramos ese cielo candoroso que nos cubre, detrás del cual está Dios, manantial de toda estrechez y mezquindad imaginarias.
¡Dios!, que en caso de ser se limita a su empleo de cubretapas del Código Civil y Penal. No me importa verificar algo tan vulgar como la existencia de Dios, pues me basta con sentir mi ser. No me importa el Código Civil sino en la medida en que ensució mi alma cuando realizó ese viaje por ella durante mis primeros años. ¡Quiero borrar sus inmundas manchas! ¡Dejar a mi ave lustrosa! (Como un aviso de propaganda de la belleza infinita.)
Faz planos:
Planes para cuarenta días:
  1) Comenzar la novela.
  2) Terminar los libros de Proust.
  3) Leer a Heidegger.
  4) No beber.
  5) Nada de actos violentos.
  6) Estudiar gramática y francés.
Gosta de solidao, sente-se mal à l'aise socialmente:
La miopía exalta la individualidad. Verme a mí perfectamente y a los otros como pobres seres borrosos. 
Tomo consciencia de algunos aspectos de mi ser: no me gustan las diversiones. O quizás no me gusta lo que el común de la gente llama diversión. Soy un ser triste vestido por error de euforia. Soy un ser amargado que goza ante cualquier nimiedad que haga olvidar la amargura. A no ser por mi disfraz (que espero quemar pronto), tengo todo lo estrictamente necesario para desagradar a la mayoría de los hombres y mujeres.
Llega el momento de decir algo. Y para «decir algo» tengo que «saber algo». Y yo no sé nada. ¡Tengo que estudiar! ¡Quiero estudiar! ¡Pero temo estudiar en la facultad! Me gusta estudiar sola, sin método, sin programa… 
Sólo disfruto de veras en mi propia compañía. Cuando estoy sola, el detalle de la vida, la vida de la vida, es algo realmente maravilloso. 

Tem vontade de fazer sexo, mas nao tem parceiro, acha que deveria existir bordéis para mulheres artistas:
Pero también hay algo que se rebela ¡y con causa! Es mi sexo. Acepto encantada las horas del día llenas de libros y de belleza, pero ¡las noches! ¡Las frías noches de invierno! Noches en que oprimo desesperada la almohada suspirando por transformarla en un rostro humano. ¡Y mi cuerpo que ningún brazo oprime! ¡Y mis labios besando el vacío! ¿Cómo otorgar lo que anhela, a mi cuerpo febril? No quiero amantes (pues desordenarían las horas de estudio). ¡Al diablo! ¡Tendrían que crearse burdeles especiales para mujeres-artistas! Pero no los hay… ¡y es tan trágica la visión de una mujer madura sorbiéndose el cuerpo en la aridez de la noche! Y eso es lo que me espera. Esa imagen destruye todas las embriagueces sagradas.

Continua o quebra-cabeças da enigmatica Lelê...

Ahora tengo ganas de volver a hablar espanol y de volver a Buenos Aires.

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