sábado, 26 de novembro de 2016

Mulheres na direçao: Margarethe von Trotta (Alemanha)

Apos mais de 4 meses sem falar de filmes dirigidos por mulheres, senti a urgência de falar do trabalho da atriz, produtora e diretora alema, Margarethe von Trotta. Assisti à 7 filmes dela e vou fazer resuminho de cada um deles, recomendo-os muito, principalmente os filmes sobre as personalidades femininas alemas.

A honra perdida de Katharina Blum (1975)


Katharina, na semana de carnaval, saiu com um homem que estava sendo monitorado pela policia por envolvimento em atividades criminais. Eles passaram a noite juntos e logo de manha a policia chegou no apartamento dela procurando por ele, mas ele ja tinha fugido. 
Este filme é uma critica à imprensa sensacionalista que por se beneficiar da "liberdade de imprensa e de expressao", usa os métodos mais sujos para tornar publica a vida privada e as informaçoes confidenciais de uma pessoa que nao tem nem o direito de se defender. O jornalista passou a publicar coisas sobre ela questionando seu envolvimento com o criminoso, acusando-a de cumplice, de comunista, de prostituta e varios outros adjetivos dados principalmente às mulheres.


Anos de chumbo (1981)

Conta a historia de duas irmas, filhas de um pastor autoritario na Alemanha Nazista e que na adolescência rebelaram-se e passaram a lutar contra as injustiças. Mariane virou militante e acabou sendo presa e Juliane trabalhava em uma revista feminista e participava de manifestaçoes pelo direito da mulher poder decidir o que fazer com seu proprio corpo.
Mencionei quando li o livro "Ser Mulher no III Reich", de que Hitler tinha todo um conceito romântico de maternidade, dava medalhas para as maes que tinham mais filhos, etc. Este filme mostra com imagens da época como era exatamente esta propaganda de procriaçao.
Mariane teve um filho, mas nao pôde cuidar dele e Juliane a principio também nao podia. O filme fala de varios assuntos: familia, maternidade, trabalho, justiça, envolvimento em causas politico-sociais, militância, tratamento dado aos presos-politicos, papel da imprensa, entre outros.

Rosa de Luxemburgo (1986)


Sobre a vida de militância da judia de origem polonesa, Rosa de Luxemburgo. Ela trabalhou como jornalista e tradutora na impressa socialista, falava alemao, russo, francês, polonês e idiiche fluentemente. Era contra o nacionalismo, pois ja previa o que veio depois, os regimes totalitarios nacionalistas. Também foi contra a Primeira Guerra, queria que a implantaçao do socialismo fosse pacifico e democratico. Foi uma das fundadoras do Partido Comunista da Alemanha, do Partido Social-Democrata da Polônia e criticou severamente a politica dos bolcheviques na Revoluçao Russa. Fazia discursos inflamados e era sempre ovacionada ou odiada. Foi presa 9 vezes e depois assassinada juntamente com seu colega Wilhelm Pieck, em 1919.

Rosenstrasse (2003)


Narra os eventos ocorridos em 1943, na rua Rosen, onde um prédio foi usado como prisao de judeus durante o Nazismo. Mulheres alemas que eram casadas com judeus faziam vigilias no local esperando algum pronunciamento das autoridades da SS, queriam saber se eles estavam bem, tinham esperanças de vê-los ao menos pela janela.

Eu sou a outra (2006)


É um thriller psicologico sobre uma mulher com multiplas personalidades, ora era Alice, ora era Carlota e ora era Carolin. Uma dessas personalidades era mulher de negocios, outra saia à noite para se prostituir e a outra tinha complexo de Elektra, mantinha um relacionamento incestuoso com o pai. "Somos varias pessoas tentando ser uma".

Visao: A vida de Hildergard von Bingen (2009)


Hildergard foi uma religiosa do séc. XII que tinha visoes e escrevia sobre elas. Criou um convento para mulheres (antes padres e freiras viviam sob o mesmo teto e algumas freiras apareciam gravidas apos serem estupradas, entao ela pediu um espaço so para elas). Inventou a Lingua Ignota, uma lingua que so ela falava e escrevia. Foi médica e deixou varios escritos sobre Medicina e farmacia. Compôs mais de 70 cantos liturgicos, hinos e um musical intitulado Ordo virtutum. Alguns destes cantos estao disponiveis no Spotify para quem tiver interesse.


Preciso falar de mulheres religiosas neste blog. Em breve falarei de uma para começar esta série aqui.

Hannah Arendt (2012)


Hannah Arendt, judia-alema, foi a aluna preferida de Heidegger, escritora, filosofa, professora universitaria, poetisa, jornalista, etc. Durante a era Nazista ela se exilou nos EUA, perdeu a nacionalidade alema por ser judia, viveu 14 anos como apatrida e finalmente obteve a nacionalidade americana.
O filme narra o periodo pos-guerra em que ela foi convidada pela revista The New Yorker para escrever uma materia sobre julgamento de Adolf Eichmann e que foi um dos artigos mais controversos da historia, causando revolta na comunidade judaica. Enquanto todos estavam sedentos de vingança e de justiça, querendo a morte de Eichmann, ela disse que ele nao era um monstro, era apenas um burocrata do governo que estava apenas fazendo seu trabalho sem refletir. Ele fazia o controle/relatorios de pessoas que entravam nos trens para serem levadas aos campos de concentraçao, era um "laranja" que fazia "o que tinha de ser feito", so "cumpria ordens" e queria "mostrar serviço". Eu tenho pavor de gente que usa essas desculpas para justificar o trabalho de merda que fazem, pensando que podem ser isentos de condenaçao.
Os judeus acharam que ela estava defendendo ele, enquanto ela queria que ele fosse mesmo julgado e condenado, mas queria também deixar claro que estava sendo julgado mais por ser um ignorante que nao pensava, porque era um "pau-mandado" do que por ter cometido crimes, ele pessoalmente nao matou ninguém, mas controlava a saida dos trens que levavam pessoas para camaras de gas.

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow (1762 filmes cadastrados e 182 assistidos até o momento).

Veja também:

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