sábado, 16 de dezembro de 2017

2017: o ano que resolvi ler diversidade

Em 2017, decidi ler mais mulheres, autores negros, LGBTQIA, contemporâneos e imigrantes/ refugiados. Veja tudo o que li aqui.
Houve um tempo em que 80% a 90% das minhas leituras eram de autores homens, brancos, heterossexuais, europeus ou norte-americanos, do séculos 19 e 20. Este ano, achei por bem nao privilegiar mais quem sempre teve privilégios.
Nao adiantaria nada lutar contra a desigualdade de gênero e raça e continuar lendo apenas os que sempre tiveram voz. Eu precisava ouvir outras vozes, sair da bolha e foi um ano otimo.
Nao estou dizendo com isso que nao lerei mais homens brancos, eles so nao serao mais prioridade, vao ter que entrar na fila do pao com os outros e aguardar.
Estou reaprendendo a ler, desconstruindo tudo o que me foi passado na escola, culturalmente e socialmente. Vou ler o que realmente gosto e nao porque é um cânone/ classico.
Li também ensaios, HQs, memorias, biografias, epistolares, diarios, teatro e poesia, ou seja, diversifiquei também nos gêneros literarios.
Em 2018, pretendo continuar lendo assim, vou priorizar autores latino-americanos e asiaticos que foram os que menos li em 2017.
Fiz alguns comentarios no Instagram ou no Goodreads dos livros citados abaixo.

Ler mulheres

Quem acompanha este blog sabe que leio bastante mulheres. Porem, este ano decidi ler mais autoras negras, poetas e literatura feminista de ficçao e nao-ficçao.
Li distopias feministas com a mesma pegada de O Conto da Aia, da Margaret Atwood:

  • When She Woke, da Hillary Jordan (palavras-chaves: mulher, estado teocratico, aborto)
  • The Power, da Naomi Alderman (Se o poder dos homens fossem transferidos para as mulheres e elas agissem como eles nas areas da religiao, politica, mafia. Quando a gente vê a inversao de papeis, é muito chocante. Por que é tao 'normal' quando um homem comete essas atrocidades?)
  • Bitch Planet: HQ sobre as NC (non-compliant), mulheres que nao sao compativeis com o sistema imposto sao enviadas para o Bitch Planet para serem regeneradas.

Li mulheres filosofas: Hannah Arendt e Simone Weil
Biografias de mulheres misticas/religiosas: Juana Inés de la Cruz, Joana D'Arc e Marguerite Porete
Li varias mulheres lésbicas e bissexuais
Para o projeto Mulheres que ganharam o Nobel de Literatura, li 7 livros da Toni Morrison, mais um livro da Alice Munro e um livro da Nelly Sachs.
Mulheres dramaturgas: So li duas, Yasmina Reza e Eve Ensler
"Algumas pessoas me perguntam: “Por que usar a palavra ‘feminista’? Por que não dizer que você acredita nos direitos humanos, ou algo parecido?” Porque seria desonesto. O feminismo faz, obviamente, parte dos direitos humanos de uma forma geral — mas escolher uma expressão vaga como “direitos humanos” é negar a especificidade e particularidade do problema de gênero. Seria uma maneira de fingir que as mulheres não foram excluídas ao longo dos séculos. Seria negar que a questão de gênero tem como alvo as mulheres. Que o problema não é ser humano, mas especificamente um ser humano do sexo feminino. Por séculos, os seres humanos eram divididos em dois grupos, um dos quais excluía e oprimia o outro. É no mínimo justo que a solução para esse problema esteja no reconhecimento desse fato". 
(Sejamos todos feministas -Chimamanda Ngozi Adichie)

"Greatness, in the sense of outstanding or unique accomplishment, is a cryptogendered word. In ordinary usage and common understanding, “a great American” means a great American man, “a great writer” means a great male writer. To regender the word, it must modify a feminine noun (“a great American woman,” “a great woman writer”). To degender it, it must be used in a locution such as “great Americans/writers, both men and women . . .” Greatness in the abstract, in general, is still thought of as the province of men". 
(Who cares about the great american novel - Ursula K. LeGuin)

A escritora Marina Colasanti, no video "Mulheres, essas bárbaras que ameaçam o império", fala sobre "leitura feminina" e porque mesmo as escritoras rejeitavam este titulo e que agora pode ser motivo de afirmaçao. 






Ler autores negros

Meu desafio para o Black History Month (é o mês da consciência negra aqui na America do Norte, em fevereiro), eu me comprometi em ler 5 livros da Toni Morrison e acabei lendo 7, agora quero ler os 11 romances (faltam 4) e os livros de nao-ficçao, infantis e de poesia. Aprendi muito sobre a historia dos negros americanos desde o tempo da colonizaçao até os dias de hoje.


Projeto LBTQIA: li James Baldwin pela primeira vez, também li o roteiro do documentario "I am not your negro" sobre ele. Para este mesmo projeto li a autora nigeriana, Chinelo Okparanta.

Poetas negrxs: li Tupac Shakur, Alice Walker, Ijeoma Umebinyuo, Dionne Brand, Nikki Giovanni, Warsan Shire e Nayyira Waheed

Memorias: Fome, da Roxane Gay

Feminismo: Como educar crianças feministas, da Chimamanda.
Never
trust anyone
who says
they do not see color
this means
to them
you are invisible
(Salt - Nayyrah Waheed)


“Your silence will not protect you.” 
“What are the words you do not yet have? What do you need to say? What are the tyrannies you swallow day by day and attempt to make your own, until you will sicken and die of them, still in silence.” 
“Black and Third World people are expected to educate white people as to our humanity. Women are expected to educate men. Lesbians and gay men are expected to educate the heterosexual world. The oppressors maintain their position and evade their responsibility for their own actions. There is a constant drain of energy which might be better used in redefining ourselves and devising realistic scenarios for altering the present and constructing the future.” 
(Sister outsider - Audre Lorde)


Numa sociedade supremacista branca e patriarcal, mulheres brancas, mulheres negras, homens negros, pessoas transexuais, lésbicas, gays podem falar do mesmo modo que homens brancos cis heterossexuais?
(O que é lugar de fala? - Djamila Ribeiro)



Ler autores LGBTQIA


Li mais de 30 livros de autores ou de tematica LGBTQIA. Recomendo para quem quer entender mais sobre intolerância e invisibilidade.


Ler autores imigrantes e refugiados


Por ser imigrante, gosto de ler a experiência expat de outras pessoas e cada experiência é pessoal e intransferivel. Na Europa e EUA esta questao é bem delicada nos dias atuais, a xenofobia, a islamofobia, os neonazistas, a extrema-direita nacionalista que culpa os imigrantes pelos problemas sociais e econômicos em que esses paises se encontram. 
Foi uma experiência incrivel para mim este tipo de leitura, muitos falam em tentar se adaptar a uma nova cultura, um novo idioma, a enfrentar o racismo e a discriminaçao, etc.

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